terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Interesse comercial destrói prédio histórico de Barbalha

O prédio construído entre os 30 e 40, além de haver servido de residência do administrador da Estação Ferroviária, serviu também de residência para os juizes que eram nomeados para a Comarca de Barbal

Um fato, que já não pode ser encarado comum desde que Barbalha, com seu sítio histórico, passou a integrar o PAC das Cidades Históricas do Brasil pelo Patrimônio Histórico Nacional, foi verificado neste final de semana, no cruzamento das ruas Santos Dumont e Princesa Isabel, proximidade da Praça Engenheiro Dória: a antiga casa do administrador da Estação Ferroviária, pertencente à extinta Rede Viação Cearense (RVC) fora quase que completamente demolido, para satisfazer interesses comerciais.

O trabalho de demolição começou logo nas primeiras horas do dia deste domingo (10), evitando o incômodo da Justiça e da secretaria municipal competente, que devem impedir esse tipo de transgressão aos imóveis que integram as áreas tombadas. A ação perversa fez que a Secretaria de Infraestrutura e Obras, através do secretário adjunto, Roberto Grangeiro passasse a tomar as providências no sentido de que os responsáveis pelo crime sejam punidos dentro do rigor da lei, que trata dos prédios e monumentos tombados ao Patrimônio Histórico Município.

O prédio construído entre os anos 30 e 40, além de haver servido de residência do administrador da Estação Ferroviária, serviu também de residência dos juízes que eram nomeados para a Comarca de Barbalha e lá funcionou também o Cartório do 1º Ofício. O professor e historiador Josiêr Ferreira, diretor do Centro Pró Memória de Barbalha, ao ver as imagens da destruição ficou indignado e passou a pedir providências da parte do Departamento do Patrimônio Histórico, ligado à Secretaria de Cultura e Turismo do Município.

Na manhã desta segunda-feira (11), a reportagem conversou com o diretor do DPH, Teófilo Ebert Costa Sampaio, o qual informou que o prédio não está incluído entre os que foram tombados no município. Entretanto, o prédio da Estação Ferroviária, que faz parte do mesmo conjunto de imóveis pertencente à antiga Rede Viação Cearense (RVC) está inserido na relação de prédios tombados. De acordo com Teófilço Ebert todo o patrimônio da RFFSA está sob a tutela do IPHAN, o Departamento de Patrimônio Histórico do município por sua vez enviará um relatório do ocorrido em Barbalha, para o órgão adote os procedimentos necessários.

Há evidências de que o prédio foi comprado por um empresário estabelecido na cidade e deixa claro que a demolição do imóvel visava a interesses comerciais, uma vez que o dito empresário é proprietário de lojas do ramo de calçados instaladas no município. O caso repercute na cidade e há um clima de revolta por parte de historiadores, arquitetos e sociedade barbalhense.

Acerca desse episódio brutal, o mínimo que a Prefeitura deveria fazer seria exigir do agressor a reparação do dano, obrigando, a partir da planta originária do prédio, reconstruir toda a área deformada. Cabe ainda ao órgão responsável pelo patrimônio tombado, fixar placas nos imóveis, dando conta do tombamento e alertando sobre as sanções aplicadas a quem os agride.

Saiba Mais - Tombamento - Tombar, além do significado usual que conhecemos, também significa “registrar em livro tombo”, um livro de caráter oficial no qual são anotados os bens de interesse para preservação, de modo a não sofrerem mutilações, demolições ou reformas que alterem as suas características originais. Um bem tombado adquire uma importância social e cultural, pois sua existência e sua conservação passam a ser de interesse público.

Tombar um bem não significa “derrubar” ou “colocar no chão”. Ao contrário, tombar significa preservar, manter. O termo “bem”, no caso de tombamentos, refere-se a objeto de interesse a preservar, podendo ser móvel (quadros, peças de mobiliário, vasos antigos, enfim, algo que possa ser transferido de local) ou imóvel (casas, teatros, escolas, monumentos, túmulos, paisagens naturais).

O tombamento pode se dar em nível federal, estadual ou municipal, e requer a adoção de uma série de providências pelo Poder Público competente, através da aplicação de normas específicas, estabelecidas por lei em qualquer uma das esferas de governo. O ato do tombamento encontra amparo na Constituição Federal, impondo-se aos proprietários dos bens a responsabilidade pela sua preservação.

História - Os trens estabeleceram os caminhos do progresso cearense,provocaram mudanças na sociedade e criaram uma nova paisagem .A asa do guarda-chefe, o prédio da estação, as casas dos funcionários no antigo Campo Florestal faziam os barbalhense mergulharem na memória, remexerem o baú do transporte ferroviário na cidade e revelavam uma história feita de desafios,sonhos,construções que o tempo se encarregaria de fornecer valor histórico.

A Rede de Viação Cearense (RVC) foi a empresa ferroviária que fundiu Estrada de Ferro de Batiruité e Estrada de Ferro de Sobral e com planos de expandir a rede por todo estado do Ceará. Teve arrendada à South American Railway desde 1909, e em 1915 passou para administração federal. Em 1957 passou a ser uma das subsidiárias da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e em 1975 foi abosrvida.


Por: Josélio Araújo
Radio Cetama / Barbalha em Foco

Um comentário:

Anônimo disse...

sou apenas um olhante mas,se tombar quere dizer abandonar, melhor que alguem cuide, não sou comerciante, mas, há problemas em Barbalha neste sentido.Há alguém responsável por ruinas? É fácil protestar? claro!Porém, quem irá resolver a questão. pssoas de outros estados,me pergutam: o que é Barbalha, não por existir em dicionário mas,por não vê-la.

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