quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Cariri quer ampliar área com plantio direto


Adotar novos manejos com o objetivo de preservar o potencial do solo é a meta do cultivo direto de milho

Juazeiro do Norte. Com a finalidade de ampliar a cultura do milho na região do Cariri com a técnica do plantio direto, diversos técnicos e produtores estão sendo mobilizados no sentido de empreender novas experiências do cultivo na região, amplamente adotado no sul do País. Atualmente mais de 800 hectares já foram plantados na região com o uso da técnica, que poderá dobrar em dois anos a produção e baratear o preço do produto consideravelmente. A região atualmente é responsável por 35% da produção de milho do Estado.

O auditório do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), da Universidade Regional do Cariri (Urca), esteve lotado, na última semana, para apresentação da técnica aos produtores de 23 cidades da região e das experiências já realizadas, além do trabalho que vem sendo desenvolvido nos Estados do sul do País, no seminário sobre Manejo da Cultura do Milho em Sistema de Plantio Direto. Segundo o engenheiro agrônomo de Minas Gerais, que atua na área de manejo do solo, José Carlos Cruz, hoje, para cada hectare de milho plantado, um é por meio do plantio direto.

O coordenador regional da Ematerce, o engenheiro Agrônomo Adonias Sobreira, explica que a técnica é a utilização do plantio, sem o uso da gradagem e do arado. Para José Carlos, um dos principais empecilhos para que esta prática seja disseminada no Nordeste é a questão climática, pelos baixos índices de chuvas, e também o investimento em equipamentos e orientação ao agricultor, além do acompanhamento pelos extensionistas.

O engenheiro afirma que o empenho das entidades junto ao Governo do Estado é de essencial importância para desencadear a prática do cultivo, não só na região, que ele afirma ter um grande potencial, mas no Ceará. A técnica do plantio direto não é nova. Foi inserida na agricultura nos anos 70 e aumentou a partir dos anos 90.

José Carlos Cruz afirma que o sistema consiste no plantio em cima do mato. “Para isso ele utiliza um herbicida para matar as plantas e a palha que fica na superfície tem um efeito grande, e com isso a água infiltra mais no solo, tem mais umidade e a perda é menor”, diz ele, ao acrescentar que essa é uma maneira eficiente para se utilizar a água disponível. No caso específico da região, a técnica tem boa aplicação por ser a agricultura de baixo rendimento. A idéia do plantio direto, mesmo não aumentando a produtividade, mantém a qualidade do solo. “O plantio direto mostra que é possível a produção de milho, sem estragar solo. É a filosofia de produzir e melhorar as condições do ambiente”, diz ele.

O evento realizado na região, segundo Adonias Sobreira, tem uma importância fundamental no sentido de alavancar uma técnica que permita ampliar a produtividade, isso sem interferir na qualidade do produto, além de difundir cada vez mais importante tecnologia do plantio direto. Além de aumentar a produtividade, ele afirma que a nova forma de cultivo irá reduzir o custo da produção, gerar empregos e promover sustentabilidade social e ambiental.

Estiveram presentes no evento secretários de Agricultura de vários municípios. Erasmo Ferreira, do Crato, disse que irá adotar a experiência em sua cidade, mesmo em pequenas áreas. Caso seja realmente promissora, irá fazer um trabalho de incentivo para que os agricultores adotem a idéia. A forma direta de plantio poderá ter vantagens, segundo ele, inclusive de adubação do solo, por absorver o mato que fica em volta da planta e toda a umidade, com o tempo se decompondo em forma de adubo para o solo.

Conforme Adonias Sobreira, em áreas assistidas e implantadas com a tecnologia, para agricultores ligados ao Pronaf, foram obtidas médias de 4.100kg por hectare, o que corresponde a 28% a mais quando comparada com o plantio tradicional feito antes.

Para Adonias, a idéia é consolidar a prática nos 28 municípios da região. São poucos os municípios do Ceará que adotam a prática, já bastante difundida — além do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. O principal diferencial da produção será a melhoria da qualidade do solo com mais matéria orgânica, o aumento no número de plantas desejadas pela pesquisa por hectare é maior e o preço do milho tende a cair consideravelmente.

A experiência foi iniciada na região com o plantio direto em 2005, em Porteiras, Brejo Santo, Abaiara, Missão velha, Jardim, Santana do Cariri e Nova Olinda. Em 2008, o plantio direito de milho chegou a mais de 800 hectares. Os médios produtores chegaram a perceber as vantagens da técnica e investiram em maquinários.

Elizângela Santos
Repórter

Mais informações:
Escritório Regional da Ematerce
Praça Filemon Teles, s/n

Crato (CE)

(88) 3102.1293

Fonte: Diário do Nordeste

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